PAULO AFONSO – O costume de mandar projetos de cunho duvidoso aos 45 do segundo tempo, e vê-los aprovados sem mais delongas na Câmara Municipal, teve uma reviravolta no primeiro teste do governo de Luiz de Deus (PSD), na sessão ordinária desta segunda-feira (25), após parte de sua bancada debandar-se para a oposição.
Ninguém falou pelo governo
Com o vereador Leco (PHS) que é o líder da bancada, ausente, o prefeito sequer teve um interlocutor que pudesse defender a necessidade dos artigos inclusos no projeto de lei nº 102/2018, que trata do reajuste de 6,81% para os professores, e que solicitava um crédito suplementar de R$ 16 milhões [para bancar a despesa com o acréscimo na folha salarial] e incluía artigos no miolo do texto que não estavam muito claros para que serviam.
Segundo a oposição, neles residiam o perigo de o governo promover manobras: “o texto se refere a um tal artigo na 1º página que não existe, e se aprovarmos o governo vai e coloca o que bem quiser”, advertiu o vereador Mário Galinho (SD).
O oposição se articulou e neutralizou todos os passos do governo
Diferente da oposição ruidosa feita pelos mdebistas Luiz Aureliano e Antônio Alexandre, Jean Roubert e Mário Galinho são estrategistas e conseguem se antecipar à articulação governista, que se mostra desastrosa.
Embora em determinado momento tenha reinado a dúvida se o valor suplementar aprovado de R$ 6 milhões, em vez dos R$ 16 mi pedidos pela prefeitura, dariam para pagar a fatura do reajuste aos professores até o fim do ano, os oposicionistas foram certeiros em dizer que caso haja a necessidade voltariam à Casa para dar mais crédito suplementar, mas que não aprovariam o montante pedido, pois não sabiam de onde vinha a receita.
“Se o governo quer crédito suplementar, diga de onde vem e para onde vai cada centavo, agora não passa mais nada no escuro aqui”, reforçou Galinho.
Os professores concordaram com a aprovação
Presente à sessão, Esmeralda Patriota, presidente da APLB Sindicato fez as contas com os vereadores e disse que o total aprovado de R$ 6 milhões daria para cobrir as despesas com o reajuste. Ela inclusive participou de uma reunião no meio da semana com os parlamentares para discutir a pauta.
O que antes parecia improvável, aconteceu hoje: um governo sem voz, acéfalo, sem conseguir aprovar um simples crédito suplementar para supostamente pagar a folha salarial.
Por Ivone Lima